domingo, 11 de abril de 2010

Pecados mortais da redação dissertativa

1-) Lugares-comuns ou clichês, adjetivos cristalizados, desgastados pelo uso:
Não há nada mais desgastante para um texto do que o costume de repetir infinitamente os chamados clichês ou o que chamamos de “senso comum”. Fuja disso, forme opiniões próprias com expressões também suas, que carreguem os seus pontos-de-vista de maneira particular quando articulados.
2-) Linguagem coloquial:
Falar é uma coisa, escrever é outra. Vigie-se constantemente. Oberve alguns erros muito frequentes:
a) Se o apagão vai vir pra ficar...
b) O presidente pegou e pensou que o povo brasileiro era burro.
c) A nível de competência, João é muito mais que José.
d) Com a derrota da inflação, o povo ficou hiper feliz.
e) Diante das tristezas desse país, paramos e pensamos: é preciso mudar!
3-) Verdades evidentes (os truísmos):
Os chamados truísmos são denunciadores, em primeiro lugar, da fragilidade de nossas ideias, que se deixam assentar sobre o óbvio; em segundo, denunciam o uso do senso comum, das obviedades constantes que ouvimos. Veja os exemplos:
O primeiro turno das eleições brasileiras acontece sempre em outubro...
Os homens, que são animais racionais...
4-) Queísmo (encadeamento de quês sequenciados):
O certo é que, sabedores de que foram escolhidos pelo povo que neles votou de maneira inocente, os políticos que desonram tais votos que...
5-) Uso de provérbios ou ditos populares: evite-os.
6-) Uso de gírias: fazem parte de uma linguagem coloquial, que não condiz com a produção de um texto para o vestibular, por exemplo.
7-) Uso de emoções exageradas:
Morte aos bandidos!
8-) Tente não analisar o tema proposto sob apenas um dos ângulos da questão:
“Para conhecer o gato, é preciso conhecer o ponto de vista do rato.”
9-) Fuga ao tema proposto:
O desenvolvimento pode ser magnífico, mas se fugir ao tema, vai inevitavelmente tirar zero.
10-) Parágrafos grandes ou pequenos?
A paragrafação depende única e exclusivamente de quem escreve. Há algum tempo dava-se um valor enorme ao tamanho do parágrafo; hoje, observa-se se o aluno sabe usar bem os pronomes relativos quando escreve parágrafos mais ou menos extensos ou se administra bem o uso de conectivos.
11-) Criatividade:
É preciso tomar muito cuidado com as tais lendas que cercam a feitura das redações. Dizer, por exemplo, que o tema era “Insônia” e que o aluno escreveu “tic-tac” em todas as linhas e colocou um “triiiiiimmmmmm” no fim do texto....bem, acredite se quiser...aproveite também para acreditar em coelhinho da Páscoa e Papai Noel.
12-) A gíria e a linguagem coloquial:
A linguagem a ser usada é a norma culta, nem sofisticada excessivamente nem coloquial.
13-) Ortografia e concordância:
Preste muita atenção ao que escreve. Quando repetimos muitos erros de ortografia, concordância e regência, estamos passando um atestado de que também não lemos.
14-) Letra ruim:
Os manuais falam em letra legível não em letra bonita. Ocorre que os garranchos também podem ser vistos como pecados mortais: impedem o corretor de tomar contato com o que você escreve, pois ele tem que decifrar o que está escrito.
15-) Número de linhas:
Fazer uma dissertação com 15 linhas é de todo improvável: como argumentar em 15 linhas, opinar, exemplificar, questionar, finalizar? Há que se ter o mínimo de bom senso nesse sentido. Estabeleçamos 20/25 linhas como o mínimo.
E o máximo? Isso depende de cada vestibular, ou outro momento em que sua escrita é solicitada. Geralmente o que se pede são 30 linhas.

Um comentário:

  1. Muito bom ter esses "pecados mortais" sempre em mãos para consultar, as vezes acabo errando por não lembrar de todos eles!!!

    Obrigada mais uma vez professora...

    Angélica, 3ºC

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