sábado, 24 de abril de 2010

Quando eu falo, ninguém acredita...

Atenção 3º ano! Esse texto fará parte de um trabalho...em breve...
1º  e 2º anos leiam também...
Texto publicado na Revista Língua Portuguesa 02/2010, edição 52.

Pecados corporativos
Os problemas de escrita nas empresas que podem tornar a comunicação profissional um inferno
(Lígia Velozo Crispino)

A comunicação é um ato diário e constante, que faz a diferença entre o sucesso e o fracasso de relações profissionais, pessoais e familiares. No entanto, muitas pessoas preferem transferir o problema ao leitor ou interlocutor, afirmando que ele não é capaz de entender a sua mensagem. Nunca param para analisar que a limitação pode estar na maneira como se expressam.
Para eliminar essa barreira comportamental rumo ao sucesso na comunicação, temos de deixar de lado a postura egoísta que registramos na infância. Ainda bebês, mesmo com muita dificuldade, limitações e erros, nossos pais e familiares conseguem nos entender, passando a falsa imagem de que é fácil sermos entendidos e não há necessidade de nos esforçarmos.
No mundo corporativo, há anos já não existe mais a figura da secretária de departamento responsável pela elaboração e revisão de comunicados, apresentações e relatórios. Na era do conhecimento e da internet, em que qualquer funcionário escreve e-mails para toda a empresa, fornecedores e clientes, e não raro escreve em nome da empresa, a exigência da comunicação eficiente em português tornou-se fundamental.

O e-mail se consolidou como uma ferramenta de comunicação corporativa, mas também é um documento que, na maioria das empresas, ficará arquivado por muito tempo, um registro de erros. Por isso, é preciso que as pessoas dediquem uma especial atenção a essa modalidade de interação.

Domínio
Por isso, a segunda e a mais importante barreira é o bom domínio do português, que envolve:
VOCABULÁRIO - Pesquisas, como a realizada pela Johnson O'Connor Research Foundation, Paul Nation e Harvard Business School, revelam que a ascensão profissional nos Estados Unidos está diretamente ligada à quantidade de vocabulário que o profissional domina.
A quantidade mostra-se uma qualidade: quanto mais palavras houver em seu repertório, mais apto o profissional estará para desempenhar um cargo hierarquicamente superior, uma vez que sua comunicação será mais segura e desenvolta. Uma das principais competências de quem exerce posição de liderança é uma ótima comunicação.
GRAMÁTICA - É o meio pelo qual estruturamos nossos pensamentos. É o conjunto de regras que permite a relação harmônica e coerente entre as palavras.
ORTOGRAFIA - Mesmo com o corretor ortográfico, há erros que não são detectados. Não confie cegamente em corretores eletrônicos. A ortografia é um dos componentes mais desafiadores da comunicação escrita em português.
PONTUAÇÃO - Responsável pela clareza dos textos. Se não for utilizada corretamente, haverá, fatalmente, problemas de compreensão.
ACENTUAÇÃO - Erros também podem ser detectados pelo corretor, mas, além de ele não ser totalmente confiável, é necessário ter uma versão atualizada, por conta das novas regras da reforma ortográfica. Muitas delas são relacionadas a regras de acentuação.

Os erros de linguagem se enquadram em duas esferas: forma e conteúdo. O conteúdo abrange questões de qualidade do texto, como a escolha das palavras (que devem ser adequadas ao público e ao objetivo do texto), coerência, coesão, clareza e objetividade. Já a forma diz respeito à ortografia e a uma pontuação que facilite a leitura e o entendimento do texto, ou seja, que facilite a comunicação.

Tom
Na comunicação escrita, as pessoas que leem a mensagem poderão dar a entonação que quiserem. Tudo dependerá de seu humor no momento da leitura e também do relacionamento que se tem com o responsável pela redação do texto. Como não há um contato visual, não há como explicar uma frase ambígua, esclarecer dúvidas.
A imprecisão de mensagens pode gerar retrabalho, uma vez que serão necessárias várias trocas de e-mails para buscar esclarecimentos, o que pode afetar a produtividade. Sem falar em questões maiores, como prejuízos sérios para a imagem das marcas.
Mudança
As empresas estão, cada vez mais, buscando aperfeiçoar e integrar suas equipes através de treinamentos. Porém, os profissionais precisam atentar para o fato de que são eles os responsáveis por seu aprimoramento e empregabilidade.
Há problemas clássicos de língua portuguesa que prejudicam a comunicação de um profissional dentro da empresa, que estão enumerados nestas páginas como os 7 pecados da escrita corporativa.

A língua é viva e está em constante mudança. Estudar português é um eterno desafio. Metade das suas chances de conseguir uma promoção ou de ser o escolhido em um processo seletivo está concentrada nas habilidades comunicativas que você possui, daí a importância de desenvolvê-las.


Até mais pessoal!







domingo, 11 de abril de 2010

Pecados mortais da redação dissertativa

1-) Lugares-comuns ou clichês, adjetivos cristalizados, desgastados pelo uso:
Não há nada mais desgastante para um texto do que o costume de repetir infinitamente os chamados clichês ou o que chamamos de “senso comum”. Fuja disso, forme opiniões próprias com expressões também suas, que carreguem os seus pontos-de-vista de maneira particular quando articulados.
2-) Linguagem coloquial:
Falar é uma coisa, escrever é outra. Vigie-se constantemente. Oberve alguns erros muito frequentes:
a) Se o apagão vai vir pra ficar...
b) O presidente pegou e pensou que o povo brasileiro era burro.
c) A nível de competência, João é muito mais que José.
d) Com a derrota da inflação, o povo ficou hiper feliz.
e) Diante das tristezas desse país, paramos e pensamos: é preciso mudar!
3-) Verdades evidentes (os truísmos):
Os chamados truísmos são denunciadores, em primeiro lugar, da fragilidade de nossas ideias, que se deixam assentar sobre o óbvio; em segundo, denunciam o uso do senso comum, das obviedades constantes que ouvimos. Veja os exemplos:
O primeiro turno das eleições brasileiras acontece sempre em outubro...
Os homens, que são animais racionais...
4-) Queísmo (encadeamento de quês sequenciados):
O certo é que, sabedores de que foram escolhidos pelo povo que neles votou de maneira inocente, os políticos que desonram tais votos que...
5-) Uso de provérbios ou ditos populares: evite-os.
6-) Uso de gírias: fazem parte de uma linguagem coloquial, que não condiz com a produção de um texto para o vestibular, por exemplo.
7-) Uso de emoções exageradas:
Morte aos bandidos!
8-) Tente não analisar o tema proposto sob apenas um dos ângulos da questão:
“Para conhecer o gato, é preciso conhecer o ponto de vista do rato.”
9-) Fuga ao tema proposto:
O desenvolvimento pode ser magnífico, mas se fugir ao tema, vai inevitavelmente tirar zero.
10-) Parágrafos grandes ou pequenos?
A paragrafação depende única e exclusivamente de quem escreve. Há algum tempo dava-se um valor enorme ao tamanho do parágrafo; hoje, observa-se se o aluno sabe usar bem os pronomes relativos quando escreve parágrafos mais ou menos extensos ou se administra bem o uso de conectivos.
11-) Criatividade:
É preciso tomar muito cuidado com as tais lendas que cercam a feitura das redações. Dizer, por exemplo, que o tema era “Insônia” e que o aluno escreveu “tic-tac” em todas as linhas e colocou um “triiiiiimmmmmm” no fim do texto....bem, acredite se quiser...aproveite também para acreditar em coelhinho da Páscoa e Papai Noel.
12-) A gíria e a linguagem coloquial:
A linguagem a ser usada é a norma culta, nem sofisticada excessivamente nem coloquial.
13-) Ortografia e concordância:
Preste muita atenção ao que escreve. Quando repetimos muitos erros de ortografia, concordância e regência, estamos passando um atestado de que também não lemos.
14-) Letra ruim:
Os manuais falam em letra legível não em letra bonita. Ocorre que os garranchos também podem ser vistos como pecados mortais: impedem o corretor de tomar contato com o que você escreve, pois ele tem que decifrar o que está escrito.
15-) Número de linhas:
Fazer uma dissertação com 15 linhas é de todo improvável: como argumentar em 15 linhas, opinar, exemplificar, questionar, finalizar? Há que se ter o mínimo de bom senso nesse sentido. Estabeleçamos 20/25 linhas como o mínimo.
E o máximo? Isso depende de cada vestibular, ou outro momento em que sua escrita é solicitada. Geralmente o que se pede são 30 linhas.